Palestrante
Descrição
Pacientes que possuem algum órgão debilitado e necessitam de transplante, enfrentam uma fila de espera muito grande pois há pouquíssimos doadores. Quando a doação ocorre em caso de morte, o órgão é adequado apenas quando ocorre morte encefálica. (1) Para a preservação do órgão antes da cirurgia de transplante, este fica armazenado em uma solução de preservação que é capaz de mantê-lo funcionando, pois sua maior composição é de proteínas, e estas tornam as células impermeáveis, impedindo o inchaço das células e uma possível lise celular. (2) Um dos fatores que minimizam o número de órgãos disponíveis para o transplante é a contaminação microbiana. Nosso grupo desenvolveu um sistema para irradiação do líquido de preservação circulante para a inativação microbiana por radiação UVC ou terapia fotodinâmica. (3) Testes de inativação bacteriana foram realizados em solução tampão fosfato e em solução de preservação Custodiol® com a bactéria Staphylococcus aureus, que circulou em um circuito de tubos de silicone conectados à uma bomba de circulação e à um tubo de quartzo. O tubo de quartzo foi irradiado por 4 lâmpadas de mercúrio de baixa pressão UVC de 254 nm com potência de 4 W cada. O ciclo de irradiação durou por 60 minutos com coletas feitas no tempo 0 min; 1 min; 5 min; aumentando com intervalo de 5 min até os 20 min de irradiação, e depois aumentou com intervalo de 10 min até os 60 min. As coletas foram diluídas em série e colocadas em placas de Petri contendo meio BHI (Brain Heart Infusion), com crescimento de 24h a 37º C. Obteve-se gráficos de UFC/mL em função da energia entregue ao tubo de quartzo em J/mL. Realizou-se também testes de verificação do crescimento de Staphylococcus aureus em solução Custodiol® irradiada por luz a 660 nm (luz vermelha) durante 120 minutos. Coletou-se 5 amostras, com intervalo de 30 minutos entre elas, realizou-se a diluição em série e colocou-as para crescer em meio BHI ágar, a 37º C por 24h. O teste de inativação por UVC em solução tampão fosfato resultou em uma diminuição da ordem de 10$^5$ UFC/mL, já o teste em solução de preservação Custodiol® resultou em uma diminuição da ordem de 10$^3$ UFC/mL. O crescimento de células viáveis das amostras irradiadas por luz a 660 nm mostrou-se aproximadamente constante, confirmando que na irradiação por luz a 660 nm de uma amostra bacteriana sem a presença de fotossensibilizador não há inativação. Medidas de absorbância foram feitas na solução de preservação irradiada por UVC sem a presença de Staphylococcus aureus, obtendo-se um aumento aproximadamente linear de 1,4 de absorbância entre o 0min e 60 min de irradiação. Estes resultados mostram que a técnica de radiação UVC é uma alternativa à inativação de bactérias sem ser preciso do uso de antibióticos e uma das possíveis soluções para o número reduzido de doadores em contraste com a enorme fila de receptores de transplante, tornando órgãos que antes estavam contaminados aptos à serem transplantados.
Referências
1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS. Dados númericos da doação de órgãos e transplantes realizados por estado e instituição no período: janeiro/março - 2018. Registro Brasileiro de Transplantes, ano XXIV, n. 1, 2018. Disponível em: http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/RBT/2018/rbt2018-leitura.pdf. Acesso em: 6 nov. 2018.
2 LEE, C. Y.; MANGINO, M. J. Preservation methods for kidney and liver. Organogenesis, v. 5, n. 3, p. 105-112, 2009.
3 SILVA, C. A. S. et al. Evaluation of ultraviolet radiation to control microorganisms adhering to low-density polyethylene films. Brazilian Journal of Microbiology, v. 34, n. 2, p. 175-178, 2003.
Subárea | Óptica e Lasers |
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Apresentação do trabalho acadêmico para o público geral | Sim |