5 – 9 de ago. de 2019
Fuso horário America/Sao_Paulo

Para além de uma linguagem da natureza: a matematização da eletrostática no século XVIII

Não agendado
20m
Doutorado

Palestrante

Sr. Lucas Marcelo Cavalari Nardi (IFSC- USP)

Descrição

Estudos bastante completos sobre a história da eletrostática já são conhecidos pelos historiadores da ciência. (1) Além disso, já existem bons trabalhos sobre o papel da matemática na mecânica do século XVIII e XIX (2), da matematização da eletrodinâmica no século XIX, e sobre as consequências da matematização. (3) Entretanto, poucos estudos foram dedicados a matematização da eletrostática no século XVIII. Alguns pensadores abordam esse processo de um ponto de vista epistemológico e histórico, como Gaston Bachelard (1884 - 1962). Para ele, o uso da matemática nas ciências naturais possibilitou a superação de um obstáculo epistemológico, permitindo à física passar de uma metafísica substancialista para uma relacional, dependente da matemática. Contrastando a visão de Bachelard, neste trabalho propomos uma interpretação que destaca a pluralidade do processo de matematização da eletrostática no século XVIII nas obras de Johann Albrecht Euler (1734 - 1800) e Franz Ulrich Theodosius Aepinus (1724 - 1802), que tinham tratamentos epistemologicamente distintos quanto ao uso da matemática em suas teorias sobre os fenômenos eletrostáticos e também pela própria natureza de tais fenômenos. Em Johann, a matemática serve como auxiliar na modelização de casos específicos. Porém, em Aepinus, cuja teoria é baseada na teoria – sem matemática – do fluido elétrico de Benjamin Franklin (1706 - 1790), a matemática é parte fundamental na articulação de hipóteses básicas da teoria. No primeiro, os fenômenos eram explicados por mecanismos de contato. O éter, e em especial o seu movimento, explicavam fenômenos como atração, repulsão e aparecimento de faíscas. Já Aepinus, fortemente influenciado pela teoria de Benjamin Franklin (1706 - 1790) e se apoiando na autoridade dos trabalhos de Isaac Newton (1643 - 1727) em gravitação, não considerava a ação mediada. Para ele, fenômenos como atração e repulsão eram explicados como fenômenos resultantes da ação a distância. Apesar das particularidades deste processo, utilizamos a noção de projeto epistemológico, que abarca diferentes estilos e graus de generalização de matematização. Isso nos permite estabelecer algumas diretrizes que auxiliam na elaboração de questões históricas, como quais eram os critérios do que constituía uma explicação válida e em termos de quais entidades ontológicas essas explicações eram construídas.

Referências

1 HEILBRON, J. L. Electricity in the 17th and 18th centuries. Berkeley: University of California Press, 1979.
2 GARBER, E. The language of Physics: the calculus and the development of theoretical physics in Europe, 1750-1914. Boston: Birkäuser, 1999.
3 GINGRAS, Y. What did Mathematics do to Physics? History of Science, v. 39, n. 4, p. 383-416, 2001.

Subárea Ensino de Física e História da Ciência
Apresentação do trabalho acadêmico para o público geral Não

Autores primários

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