Ao longo de mais de 20 anos de operação, o Observatório Pierre Auger expandiu significativamente nosso conhecimento sobre os raios cósmicos. Entre suas conquistas, destacam-se (i) A medição do espectro dos raios cósmicos de ultra alta energia com um nível de detalhe sem precedentes. (ii) O uso da técnica de detecção de luz de fluorescência, permitindo medidas precisas da variável Xmax (a profundidade atmosférica onde o chuveiro atinge seu desenvolvimento máximo), correlacionada com a composição química dos raios cósmicos. (iii) Estudos das direções de chegada dos raios cósmicos de ultra alta energia em grandes escalas angulares, que levaram à detecção de uma modulação dipolar em ascensão reta, a busca por sobredensidades em torno de Centaurus A e correlações com catálogos de starburst que fornecem sinais na ordem de 4 sigma. O Observatório Pierre Auger realizou, pioneiramente, um ajuste combinado do espectro de energia, das distribuições de Xmax e das direções de chegada. A comparação de diferentes modelos com o de referência, composto por um fundo isotrópico, resultou em uma significância de 4,5 sigma para o modelo que contém 20% de seu fluxo total proveniente de galáxias starburst. Este estudo também indicou que a região de Centaurus A é a principal responsável por esse sinal medido. Além disso, modelos contendo catálogos de núcleos de galáxias ativas, cujo fluxo escala com emissões de raios gamma, foram desfavorecidos por não reproduzirem satisfatoriamente as medidas das direções de chegada.